segunda-feira, 7 de setembro de 2009


“Eu tinha tanto som na minha cabeça que, de algum jeito ou de outro, eu precisava colocar isso para fora”.
Esta frase talvez resuma todo o conteúdo de uma das mais belas vozes do mundo musical. Suave, doce, meiga, insegura, forte e, ao mesmo tempo, com extrema técnica.
Era assim que Elis Regina encantava platéias e ultrapassava fronteiras com suas canções. Para outros, simplesmente Elis.
Seu auge ocorreu em plena época da ditadura militar.
Enquanto o País passava por graves agressões e severas censuras, Elis corria por fora. Apelidada de “pimentinha”, por Vinícius de Moraes, atingiu seu grande objetivo: cair na graça do público.
Passou por diversos estilos musicais até atingir um novo formato para o mercado musical. Com seus gestos expansivos e sua voz única, nascia a MPB.
Em 1967, no primeiro festival de música brasileira, na TV Excelsior, Elis surpreendeu os cantores consagrados e levantou o público ao defender a canção “Arrastão”. Com 20 anos, sua voz começava a entrar na casa dos brasileiros.
Convidada para apresentar o programa O Fino na Bossa, na TV Record, dividiu o palco com o cantor Jair Rodrigues.
Um grande sucesso foi o especial que gravou junto com o cantor e compositor Tom Jobim. Recentemente relançado pela gravadora Trama, que pertence a seu filho, João Marcelo, para homenagear os 60 anos de seu nascimento, hoje o CD é um dos mais vendidos.
“Esse trabalho é parte do corpo, da paixão que tenho por minha mãe dentro da minha memória”, revelou recentemente o empresário no programa da rádio USP FM.
Dona de um repertório invejável por muitos compositores, suas canções percorreram palcos pelo mundo. Atrás da Porta, Casa no Campo, Fascinação e Madalena fazem parte dessa memória.
Elis também lançou diversos cantores, como Milton Nascimento. “Quando conheci, não sabia seu nome todo. Disse que se chamava Milton Nascimento. Isso me basta”, contava Elis.
Ninguém cantou e representou tão bem a música nacional como a enigmática Elis.
Essa voz se calou. Sua musicalidade e sua alma tornaram-se um único ser, que ultrapassou o especial para ser universal., “... assim falava a canção...”.
Lidiane Narcizo

0 Comments:

Post a Comment