sábado, 23 de janeiro de 2010


E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino roucos
e misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuronem um
clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,e pela mente
exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,
assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
a testasse que alguém, sobre a montanha,
a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora deteu ser restrito
e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardenteem que te
consumiste... vê, contempla, abre teu peito
para agasalhá-lo.
”As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge
distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormento
se tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,
e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:
e a memória dos deuses, e o solenesentimento de morte,
que floresceno caule da existência mais gloriosa,
tudo se apresentou nesse relancee me chamou para
seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em respondera tal apelo
assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
a esperança mais mínima — esse anelode ver desvanecida
a treva espessaque entre os raios do sol inda se filtra;
como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face
que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,
passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticente
sem si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,
baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.
Este poema fica aquí para todos os apreciadores de Drummond. Publicado originalmente no livro “Claro Enigma”, o texto acima foi extraído do livro “Nova Reunião”



A aldeia era distante, emergindo do meio das montanhas, reinava a pacatez e a simplicidade no seu seio, as pedras meticulosamente sobrepostas sem que nenhum arquitecto tivesse manifestado por lá seus ideais, e de forma a manter a estrutura das casas que albergavam gente humilde e trabalhadora, eram naturalmente sólidas e de uma beleza nativa, verdadeiras obras de arte cinzentas, (idealizadas em um serão de família), em nada comungando com o entusiasmo dessa gente nobre e trabalhadora, que pela madrugada se erguia ainda antes do sol nascer, que tomava a sua tigela de café onde ensoparia o pão endurecido tomado muitas vezes de pé, apressadamente, mas contudo sobrando tempo para atribuir as tarefas de cada um, pão esse ácido e escuro que lhe traria as energias necessárias para mais um dia de estenuante faina, pois havia o gado para tratar, a criação para alimentar, depois havia que aparelhar as vacas para trabalhar as terras.

E é aí no seio dessa comunidade que surge um jovem camponês, que se tornava independente a se iniciava na faina, iniciando sua produção própria, empenhado sem olhar sequer o relógio, (porque não possuía um), levantava-se muito antes de todos até mesmo antes de o sol começar a raiar, e comendo algo sem sequer parar, lá ia ele para cuidar do seu sonho, levando no seu alforge uma bucha que comeria ao meio do dia, para labutar para que seu ideal, lhe trouxe-se os frutos que se habituara a ver aquando das colheitas que vira fazer e em que participara desde criança, e sem se deter perante as intempéries, alheio à chuva que lhe gelaria os ossos ou mesmo ao sol que lhe daria a cor acastanhada da terra à sua pele, que lhe faria escorrer bátegas de árduo suor, e indiferente à dureza do solo, e alheando-se mesmo ao sangue que jorrava dos buracos nas suas mãos provocados pelo cabo da pesada enxada, nada o deteria e regressava muito depois do sol se pôr, exausto mas esperançoso, já noite dentro quando chegava a casa, para se recompor passando água pelo rosto e arrastando o corpo até a mesa onde comeria um caldo e uma fatia de pão antes de se estender na sua alcova, ainda tinha presente o que havia feito nesse dia de plantações, e simultaneamente idealizando o que seria mais logo o seu dia!

Aprendera à sua custa desde muito jovem que a terra é de quem a trabalha, que colheria daquilo que semeasse, porque seus pais o educaram nesse sentido, a terra era o único atributo que lhe proporcionava a possibilidade de ser próspero e de construir um futuro promissor.

Seus pais ensinaram-lhe que uma semente seria um fruto tempos depois, ele tinha uma formação e uma prática inigualável nas artes da plantação, sabia a hora e o tempo exacto de colocar uma semente na terra, o cuidado a ter com ela, até da quantidade de estrume e água que lhe seria necessária para que vingasse e produzisse, esqueceram porém de lhe ensinar como manter a plantação como dar continuidade, o carinho que devia devotar a esses rebentos, para que produzissem.

Assim com base em todos esses preciosos ensinamentos e sobretudo no seu sonho, estendia depois de muito elaborar a terra cada semente no seu preciso sítio, alegre, sempre sorrindo, de quando em vez limpando o suor no seu lenço vermelho que tirava do bolso de trás das calças, ou distraído à manga da camisa, em cada semente arremessada ele enviava um sonho, uma esperança.

Todos os requisitos estavam cumpridos, a terra estava tratada com todo o cuidado, fertilizada, loteada, e arrendada com longas mantas simetricamente distribuídas, parecia um jardim, as sementes (sonhos, esperanças) escolhidas entre as melhores, o que deixava adivinhar que decorridos os prazos chegaria uma colheita próspera, seria a sua primeira colheita, a realização dos seus ideais.

Agora era só esperar, manter a alegria e cuidar de seu pedaço de terra, mas aí é que havia uma carência, o desconhecimento a falta de acompanhamento logrou seus intentos.

De onde veria brotar naturalmente muito lentamente o verde das sementes enterradas.

Tardava essa visão.

Nesse meio tempo dialogava com sua vizinhança sobre suas aspirações, animado pela esperança, pois estavam lançados seus sonhos suas esperanças e logo viriam os frutos de sua persistência, esquecia entretanto de quantas necessidades havia após a plantação.

- Mas!

– Há sempre um mas… o ano não correu de feição, e a terra acusou o facto, fechou-se e negou a esse sonhador o glória de ver coroadas a sua coragem e o seu empenho, faltaram os elementos naturais, e ele não cuidara devidamente para contrariar esse facto, e o que seria de um verde esplendoroso e frutífero, era cenário negro de desolação e desanimo.

Tudo se mantivera seco e árido, não vingaram essas esperanças, esses sonhos.

Entretanto com ele crescera outro irmão mais velho, que ao invés dele se dedicara ao plantio de pomares que por sua vez tinham produzido em excesso, pelo acompanhamento e carinho dedicado…

Sem se melindrar com a desdita, recusou invejar ou amaldiçoar algo ou alguém, muito menos a baixar os braços ou a desistir.

Agradeceu a Deus os ensinamentos tirados da sua luta, de um ano de aprendizagem e de renovação das esperanças, preparou de novo o que iria ser o recomeço, a nova tentativa de realização dos seus sonhos o recomeçar da sua labuta, da sua persistente luta para provar que quem idealiza e age no sentido de realizar seus intentos, de seguida vai poder obter os frutos do seu empenho.

E eis que chega a hora de por em prática, de recomeçar, aí a esperança leva-o de novo ao seu plantio de sonhos, e de novo a mesma esperança, o mesmo estilo de vida os mesmos hábitos, as mesmas forças animadores, e a terra estava de novo plantada…

e depois?

Havia algo que ele ainda não aprendera, não se apercebera…

Restava-lhe agora esperar os frutos desse trabalho.

Mas mais uma vez o seu trabalho por falta de conhecimentos no campo da manutenção anulara as suas espectativas, contrariamente ao seu irmão, que era mestre na arte de cuidar e acarinhar de acompanhar e tratar suas plantações, depressa se apercebeu que mais uma vez seus sonhos não eram mais que meras ilusões.

Mas mais uma vez ele agradeceu a Deus e mostrou-se disposto a recomeçar tudo de novo no ano seguinte!

É assim, muitas vezes nascem pessoas que encetam na realização dos seus sonhos, parece que as coisas lhes surgem do nada, nós é que não nos apercebemos que não basta semear, temos que cuidar, como ele fazem, nada surge de lado nenhum e preciso criar e manter.

São esses que têm uma vida mais equilibrada e estável.

Mas são os que lutam e persistem nas suas ilusões que dão sentido à vida, que têm o sabor especial de ter tido um motivo para viver, para dar graças a Deus por os manter vivos sabendo que poderão não ter os frutos excedentários da sua alegria aqui na terra, mas que um dia decerto colherão de uma vez tudo o que plantaram nesta vida…

Semear; esperança, ilusões, sonhos, e amor; como ele, leva-nos ao conhecimento de que se não desistirmos e lutarmos, se plantarmos e cuidarmos, estará garantida a colheita…


(Assim simultaneamente se devem cultivar nossas amizades, pois não basta consegui-las, é preciso muito carinho e dedicação para que não sinta-mos a desolação de perder um Amigo…)


obs: Encontrei esse texto em um blog de uma amiga e achei muito interessante.

Ai, se eu pudesse transpor esta janela
abraçar aqueles raios de luz que me dão vida, dão cor, calor e ritmo.
Sinto-me atada neste gelo, enclausurada nesta escuridão que me persegue,e da qual não me consigo libertar, a qual não consigo iluminare assim fico, olhando o tempo, a passar…
Os tons da vida vão ficando cinzentos
E os sons, cada vez mais, silêncios!
Resta-me esperar, resta-me sonhar
E nunca desistir.
Ai, se eu pudesse transpor esta janela…

by Lidiane Narcizo


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


“Se receber um limão, faça dele uma limonada”
Quando existe vontade aparecem os caminhos ....
Na vida, às vezes, nos deparamos com iniqüidade que podem nos levar ao desespero e, nessas horas, precisamos de tranqüilidade par enfrentá-las.
Assim, é certo, que nos momentos difíceis da vida precisamos traçar metas para superação das dificuldades, pois segundo Guimarães Rosa, quando existe vontade, aparecem os caminhos.
Fazer do limão uma limonada, é a capacidade que devemos exercitar para transformar situações difíceis, constrangedoras ou tristes em oportunidades para aprender, dialogar, doutrinar e crescer.
Afinal, o limão é azedo, mas colocando água, gelo e açúcar, podemos transformá-lo em uma deliciosa e refrescante limonada.
Não adianta brigar com problemas.
Na vida devemos aprender ser cauteloso e consciente de que não adianta brigar com problemas.
É preciso enfrentá-los para não ser destruído por eles, resolvendo-os.
E rapidamente.
Problemas são como bebês, só crescem se forem alimentados.
Muitos deles resolvem-se por si mesmos.
Mas quando os solucionamos de forma adequada eles servem de lição.
Quando agimos ao contrário eles voltam, nos dão uma rasteira e, aí sim, a coisa se complica.
Na vida, ninguém vive sem problemas e a felicidade, não consiste, necessariamente, na ausência deles.
A carência de problemas é tédio.
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que nos entristece, que nos mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou esta só.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
" Pros erros ha perdão; pros fracassos, chance;pros amores impossiveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino, acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive ja morreu"
Eu não quero uma vida morna, não quero minha pele pálida, não gosto de questões sem resposta, não aceito cara feia, não me enveneno com mau humor, viver é muito mais do que dormir horas e horas....
by Luiz Fernando Veríssimo

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.

5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".

8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.

10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

by Luís Fernando Veríssimo

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o AMOR existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!


Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo.
Temos pressa para ouvir "EU TE AMO".
Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: Somos namorados, ficantes, casados, amantes?
Urgência emocional.
Uma cilada. Associamos diversas palavras ao AMOR: Paixão, Romance, Sexo, Adrenalina, Palpitação. Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: "Paciência".
Amor sem paciência não vinga.
Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada.
É preciso degustar cada pedacinho do Amor, no que ele tem de amargo e de saboroso, no que ele tem de duro e de macio.
Os nervos do Amor, as gorduras do Amor, as proteínas do amor, as propriedades todas que ele tem.
É uma refeição que pode durar uma vida.
Mas, não.
Temos urgência.
Queremos a resposta do e-mail ainda hoje, queremos que o telefone toque sem parar, queremos que ele se apaixone assim que souber nosso nome, queremos que ela se renda logo após o primeiro beijo, e não toleraremos recusas, e não respeitaremos dúvidas, e não abriremos espaço na agenda para esperar.
Temos todo o tempo do mundo, dizem uns; Não há tempo a perder, dizem outros:A gente fica perdido no meio deste fogo cruzado, atingidos por informações várias, vivências diversas, parece que todos sabem mais do que nós, pobres de nós, que só queremos uma coisa nessa vida,
"Sermos Amados".
Podemos esperar por todo o resto: emprego, dinheiro, sucesso, mas não passaremos mais um dia sequer sozinhos. "Te adoro", dizemos sei lá pra quem...
Para quem tiver ouvidos e souber responder."Eu também", que a gente está mais a fim de acreditar do que de selecionar. "Urgência Emocional", PRONTO-SOCORRO DO AMOR... Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um.
E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia:
"PRESSA".
By Martha Medeiros


.....Em tempos difícies (e meu tom não é de lamentação; não são os primeiros, não serão os últimos e certamente já tiveram piores), reencontrei este texto em um blog visinho, um texto de que gosto muito e que me deu a certeza de que sou, ou ao menos tento ser uma pipoca....
Pipoca ou Piruá? Você é quem decide !
A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.
O milho de pipoca não é aquilo o que deve ser.
Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo, continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas.
Só elas não percebem. Acham que é o seu jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.
Dor...
Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio.
Apagar o fogo.
Sem fogo, o sofrimento diminui.
E com isso a possibilidade da grande transformação.
Pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro, ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada.
A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: Bum!
E ela aparece como uma outra coisa, completamente diferente do que ela mesma nunca havia sonhado.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir coisas mais maravilhosas do que o jeito delas serem.
A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura.
O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca e macia.
Não vão dar alegria a ninguém.
Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.
Seu destino é o lixo.
E você, o que é?
Uma pipoca estourada ou um piruá?
Use o calor para se mostrar, use o sufoco para se expandir, use a discussão para se reconciliar, use a dor para crescer, o erro para perdoar, o fracasso para reerguer, o tédio para inovar, o cansaço para modificar, o choro para aliviar, o amor para fazer o bem, a amizade para dividir, a família para compartilhar, a casa para repousar.... não guarde amores do passado, jogue fora aquelas cartas daquele que não voltara mais, não junte extratos bancários velhos, não guarde o bibelô quebrado na gaveta, jogue fora o lençol rasgado, o batom vencido, aquilo que não usa mais ....
A vida é tão curta, mal se sabe o que vem pela frente, nunca se sabe na verdade....Viver o hoje, é mais que uma necessidade, é a prova de que se é inteligente.

By Lidiane Narcizo


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010



A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida


Que eu já tô ficando craque em ressurreição.


Bobeou eu tô morrendo


Na minha extrema pulsão


Na minha extrema-unção


Na minha extrema menção de acordar viva todo dia


Há dores que sinceramente eu não resolvo sinceramente sucumbo


Há nós que não dissolvo e me torno moribundo de doer daquele corte do haver sangramento e forte que vem no mesmo malote das coisas queridas


Vem dentro dos amores dentro das perdas de coisas antes possuídas dentro das alegrias havidas


Há porradas que não tem saída há um monte de "não era isso que eu queria"


Outro dia, acabei de morrer depois de uma crise sobre o existencialismo 3º mundo, ideologia e inflação...


E quando penso que não me vejo ressurgida no banheiro feito punheteiro de chuveiro


Sem cor, sem fala nem informática nem cabala eu era uma espécie de Lázara poeta ressucitada passaporte sem mala com destino de nada!


A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida ensaiar mil vezes a séria despedida a morte real do gastamento do corpo a coisa mal resolvida daquela morte florida cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos que já to ficando especialista em renascimento


Hoje, praticamente, eu morro quando quero: às vezes só porque não foi um bom desfecho ou porque eu não concordo


Ou uma bela puxada no tapete ou porque eu mesma me enrolo


Não dá outra: tiro o chinelo... E dou uma morrida!


Não atendo telefone, campainha...


Fico aí camisolenta em estado de éter nem zangada, nem histérica, nem puta da vida! Tô nocauteada, tô morrida!


Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa não tem aquela ansiedade para entrar em cena


É uma espécie de venda uma espécie de encomenda que a gente faz pra ter depois ter um produto com maior resistência onde a gente se recolhe (e quem não assume nega) e fica feito a justiça: cega


Depois acorda bela corta os cabelos muda a maquiagem reinventa modelos reencontra os amigos que fazem a velha e merecida pergunta ao teu eu:


"Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"


E a gente com aquela cara de fantasma moderno, de expersona falida:


- Não, tava só deprimida.




Elisa Lucinda...

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