quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

No elevador do filho de Deus !!!



A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida


Que eu já tô ficando craque em ressurreição.


Bobeou eu tô morrendo


Na minha extrema pulsão


Na minha extrema-unção


Na minha extrema menção de acordar viva todo dia


Há dores que sinceramente eu não resolvo sinceramente sucumbo


Há nós que não dissolvo e me torno moribundo de doer daquele corte do haver sangramento e forte que vem no mesmo malote das coisas queridas


Vem dentro dos amores dentro das perdas de coisas antes possuídas dentro das alegrias havidas


Há porradas que não tem saída há um monte de "não era isso que eu queria"


Outro dia, acabei de morrer depois de uma crise sobre o existencialismo 3º mundo, ideologia e inflação...


E quando penso que não me vejo ressurgida no banheiro feito punheteiro de chuveiro


Sem cor, sem fala nem informática nem cabala eu era uma espécie de Lázara poeta ressucitada passaporte sem mala com destino de nada!


A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida ensaiar mil vezes a séria despedida a morte real do gastamento do corpo a coisa mal resolvida daquela morte florida cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos que já to ficando especialista em renascimento


Hoje, praticamente, eu morro quando quero: às vezes só porque não foi um bom desfecho ou porque eu não concordo


Ou uma bela puxada no tapete ou porque eu mesma me enrolo


Não dá outra: tiro o chinelo... E dou uma morrida!


Não atendo telefone, campainha...


Fico aí camisolenta em estado de éter nem zangada, nem histérica, nem puta da vida! Tô nocauteada, tô morrida!


Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa não tem aquela ansiedade para entrar em cena


É uma espécie de venda uma espécie de encomenda que a gente faz pra ter depois ter um produto com maior resistência onde a gente se recolhe (e quem não assume nega) e fica feito a justiça: cega


Depois acorda bela corta os cabelos muda a maquiagem reinventa modelos reencontra os amigos que fazem a velha e merecida pergunta ao teu eu:


"Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"


E a gente com aquela cara de fantasma moderno, de expersona falida:


- Não, tava só deprimida.




Elisa Lucinda...

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